Cartórios e Herança: O Que Você Precisa Saber Sobre Inventário Extrajudicial

Imagine perder um ente querido e, no meio do luto, ainda ter que lidar com um monte de papéis, processos e decisões difíceis. Parece pesado, né? Mas há uma forma mais rápida e menos complicada de resolver a partilha de bens: o inventário extrajudicial.

Muita gente acha que inventário só pode ser feito na Justiça, com um processo demorado. Mas, na verdade, existe um caminho mais simples — feito diretamente em cartório. Será que você ou alguém da sua família poderia usar esse caminho? Continue lendo até o fim, porque pode fazer uma grande diferença.

O Que É o Inventário?

Antes de tudo, vale entender o que é inventário. É o processo legal de identificar e dividir os bens, dívidas e direitos deixados por uma pessoa que faleceu. É um passo obrigatório para que os herdeiros possam transferir imóveis, acessar contas bancárias, vender bens ou regularizar a situação dos bens deixados.

Esse processo pode ser feito de duas formas:

  • Judicial: quando há conflitos entre os herdeiros ou algum herdeiro é menor de idade.
  • Extrajudicial: quando é feito no cartório, de forma mais rápida e sem processo judicial.

Vamos focar agora nesse segundo caso.

O Que É o Inventário Extrajudicial?

O inventário extrajudicial é o inventário feito em cartório, sem passar pela Justiça. Ele foi criado por uma lei de 2007 (Lei nº 11.441/07), com o objetivo de simplificar o processo de partilha de bens quando tudo está de comum acordo entre os herdeiros.

Ele é feito por meio de uma escritura pública em um cartório de notas, com a participação de um advogado. Ao final, os herdeiros já saem com um documento válido para registrar imóveis, fechar contas bancárias e seguir com suas vidas.

Quais São os Requisitos Para Fazer Inventário em Cartório?

Nem todo mundo pode fazer inventário extrajudicial. É preciso atender a quatro condições básicas:

1. Todos os herdeiros devem ser maiores de idade e capazes

Se houver herdeiros menores de idade ou pessoas que não têm plena capacidade civil, o inventário deve ser judicial.

2. Todos devem estar de acordo

Não pode haver discussão ou conflito entre os herdeiros sobre a divisão dos bens. Todos precisam concordar com a partilha.

3. Não pode haver testamento (em regra)

Se a pessoa falecida deixou testamento, o caso costuma precisar de inventário judicial. Mas há exceções: se o testamento já foi validado judicialmente e todos os herdeiros concordarem, o inventário poderá ser feito em cartório — isso varia caso a caso.

4. Advogado é obrigatório

Mesmo sendo feito no cartório, um advogado é exigido por lei. Ele vai orientar os herdeiros, ajudar na documentação e assinar a escritura.

Como Funciona o Processo no Cartório?

O inventário extrajudicial acontece assim:

  1. Escolha do cartório de notas
    Pode ser qualquer cartório de notas do país, mesmo que os bens estejam em outro estado. Exemplo:  No cartório barra funda, é possível resolver problemas referente a bens no Rio Grande do Sul.
  2. Reunião dos documentos
     São exigidos documentos do falecido, dos herdeiros, dos bens, certidões negativas de débitos e outros papéis. O advogado ajuda nisso.
  3. Elaboração da minuta da escritura
     O advogado prepara a proposta de partilha, indicando como os bens serão divididos.
  4. Pagamento do ITCMD
     É o imposto sobre a transmissão de herança. Ele precisa ser pago antes da assinatura da escritura.
  5. Assinatura da escritura pública
     Herdeiros e advogado assinam o documento no cartório. Isso pode ser feito presencialmente ou, em muitos cartórios, por videoconferência.
  6. Registro da escritura
     Depois, a escritura é levada ao cartório de imóveis, Detran ou outros órgãos para fazer a transferência dos bens.

Quais São os Principais Benefícios do Inventário Extrajudicial?

O inventário feito no cartório tem várias vantagens, especialmente em comparação com o judicial:

1. É muito mais rápido

Um inventário na Justiça pode levar meses ou anos. No cartório, pode ser resolvido em poucas semanas, se toda a documentação estiver correta.

2. Menos burocracia

O processo é direto, com menos etapas, menos exigências e sem a lentidão típica do Judiciário.

3. Menor custo (na maioria dos casos)

Embora ainda envolva taxas e honorários, o custo tende a ser menor que um processo judicial, principalmente quando há muitos bens.

4. Mais conforto e menos desgaste

Em um momento já difícil, o inventário extrajudicial evita que a família enfrente audiências, prazos e outros estresses jurídicos.

Quais Documentos São Necessários?

Os documentos variam conforme o estado e o cartório, mas geralmente incluem:

  • Certidão de óbito;
  • Documentos pessoais do falecido e dos herdeiros;
  • Certidão de casamento (se houver);
  • Certidões negativas de débitos (como Receita Federal e INSS);
  • Documentos dos bens (imóveis, carros, contas);
  • Declaração do ITCMD quitado;
  • Procuração (se alguém for representar outro herdeiro);
  • Minuta do advogado com a proposta de partilha.

O Que Acontece Se o Inventário Não For Feito?

O inventário deve ser iniciado em até 60 dias após o falecimento. Se passar desse prazo, há multa no ITCMD e os herdeiros podem ter dificuldades para usar ou vender os bens.

Além disso, sem o inventário, os imóveis ficam bloqueados, as contas bancárias não podem ser acessadas, e a situação da herança fica travada — o que pode gerar problemas por muitos anos.

Posso Fazer Tudo Online?

Sim! Em muitos estados, o inventário extrajudicial pode ser feito totalmente online, com envio digital de documentos e assinatura por videoconferência, desde que todos os participantes tenham acesso à internet e concordem com o formato.

Conclusão: Vale a Pena Considerar o Inventário Extrajudicial?

Se sua família atende aos requisitos, o inventário extrajudicial é, sem dúvida, a forma mais prática e rápida de resolver a partilha de bens. Ele evita processos demorados, é menos desgastante e permite que os herdeiros sigam com suas vidas com menos complicações.

Se você ou alguém próximo está passando por essa situação, vale conversar com um advogado de confiança e procurar um cartório de notas. Muitas famílias deixam esse assunto de lado por medo ou falta de informação — e acabam enfrentando problemas maiores depois.

Agora que você conhece essa opção, pode fazer escolhas melhores. E se ficou com dúvidas, é totalmente normal. Buscar informação é o primeiro passo para resolver com tranquilidade.

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